• Universitários buscam apoio para disseminar teatro na região

    Eles estão familiarizados com os números. Escolheram o caminho das linhas exatas para desenharem seus futuros. Universitários hoje, químicos, físicos, engenheiros amanhã. Mas, no meio do caminho, optaram por uma atividade nada convencional para quem cria fórmulas, executa projetos ou se esmera entre catetos e hipotenusas: o teatro.

    Há um ano, alunos da USP (Universidade de São Paulo), de Lorena, liderados pela estudante Débora Furlan, se reuniram e montaram a Teatreria Clube da Lua. Trata-se de um grupo de teatro amador, com o objetivo de realizar apresentações gratuitas pelas cidades da região, principalmente para melhorar o acesso à arte por parte de pessoas que não têm condições financeiras para assistir a uma peça paga.

    “Nunca fiz teatro e tive esta ideia para realizar um projeto social. Começamos com 11 alunos e hoje somos 49. Cada um tem uma função diferente, desde o figurino, montagem do cenário, sonoplastia, direção, atuando como atores, atrizes, enfim, fazemos de tudo na montagem das peças”, disse Débora.

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    Esta é a segunda experiência diante de um palco em Guaratinguetá, a primeira – A Galinha Ruiva – foi em abril, no Colégio Fênix e agora, com uma boa plateia, no espaço ViVarte, onde apresentaram a peça O Mágico de Oz, graças ao apoio da Clínica Selles, no último dia 29 de outubro.

    Para o diretor da clínica e psiquiatra, Luís Arenales, o exemplo dos estudantes universitários é uma maneira de combater o sedentarismo cívico tão latente entre os jovens brasileiros. “A arte traz sentido à vida. Nos tira do cotidiano, da mesmice, traz um brilho e mexe com os sentimentos. E ficamos surpresos em ver alunos de engenharia envolvidos com o teatro”, afirmou.

    Ambas as peças são voltadas ao público infantil, mas nada impede que eles apresentem temas voltados a outros públicos. Para que isso continue acontecendo, precisam de apoio institucional de empresas interessadas em ver esse tipo de ação e arte rodando pela região.

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    Mudando vidas

    Após a apresentação de “O Mágico de Oz”, muitas crianças ficaram deslumbradas e foram tirar selfies com a bruxa, o homem de lata, o espantalho, Doroty, o leão e, claro, o Mágico de Oz.

    Para os atores e atrizes, o que mais estimula a continuar atuando no projeto de maneira voluntária é justamente a resposta das crianças. “Achei legal porque apareceram várias partes mostrando que a nossa imaginação pode ir além do que a gente imagina”, contou entusiasmada Julia Gabrieli, 10 anos.

    Para o pequeno Rafael Uchoâs, 5 anos, toda a peça foi bem legal, exceto em um ponto: “Só não gostei quando o homem de lata chorou”.

    Além de brincarem, sem falar no treinamento da memória, improvisação e criatividade, os participantes do projeto Teatreria estão conseguindo obter uma formação bem além do que a universidade pode oferecer.

    “A arte traz coisas que a faculdade não ensina, como empatia, alegria, espontaneidade. Saímos da sala de aula e estamos trabalhando com a sensibilidade, muito incomum nas engenharias. A arte toca a vida e muda vidas”, definiu Raul Pierossi, que vive o Mágico de Oz na peça.

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