Sendo uma das principais causas de conflitos ao redor do mundo, a intolerância religiosa nos convida a refletir sobre os limites das relações humanas. Trata-se de uma espécie de maldade que entrou no debate do último Cine Selles por meio da exibição do filme francês “Homens e Deuses”, do diretor Xavier Beavouis.
A produção ilustra muito bem a harmonia que havia entre a comunidade muçulmana e os monges residentes no Mosteiro de Atlas (Argélia).
Fiéis a sua vocação, os monges demonstram lealdade ao povo que está ao seu redor e não deixam a violência invadir sua rotina, abrindo uma discussão em torno da neutralidade, deixando de lado a indiferença para abrir espaço ao respeito pela fé do outro, a solidariedade. Observa-se um diálogo ecumênico onde todos demonstram suas fraquezas, dúvidas, medos, dramas pessoais, humanidade, espiritualidade e coragem.
Por meio da declaração do monge Jean Pierre Schumacher (Marrocos, Midelt), sobrevivente do massacre de 1996 na Argélia, apresentado na obra cinematográfica, é possível perceber que a espiritualidade vai bem além do que as orações. Trata-se de um aspecto que revela como nos relacionamos com os outros.
“Vivemos coisas muito bonitas juntos. E depois, a vida em comum para representar o Senhor e a sua Igreja é uma vocação muito bonita. Pode levar longe. Cristo é maior do que a Igreja. Os sufis utilizam uma imagem para falar da nossa relação com os muçulmanos. É uma escada dupla. Os pés apoiam-se na terra, e a parte alta toca o céu. Nós subimos de um lado, eles do outro, segundo o seu método. Quanto mais se está perto de Deus, mais se está perto uns dos outros. E, reciprocamente, quanto mais se está perto uns dos outros, mais se está perto de Deus. Toda a teologia está nisso!“, refletiu o monge.
O que o filme Homens e Deuses deixa como reflexão?
Após assistir a obra, fica uma reflexão bem instigante sobre tolerância e intolerância em relação a inúmeros aspectos que constroem nossas vidas.
Afinal, podemos falar sobre religiosidade, discriminações, preconceitos por parte de milhões de pessoas.
Nesse campo, negros, mulheres, homossexuais, idosos, travestis, prostitutas, enfim, exemplos não faltam para exemplificar os constantes casos que acontecem rotineiramente diante de nossos olhos.
Ou seja, a sociedade parece evoluir tecnologicamente, mas pouco amadureceu no quesito humanitário, no amor ao próximo, na valorização da vida, no respeito aos mais velhos, no entendimento das adversidades enfrentadas por cada um ao longo de sua trajetória.
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