Patrícia tem 37 anos, mãe de dois filhos, divorciada, vive na casa dos pais e procura emprego há seis meses desde que se separou do marido. No entanto, ela não abre mão das baladas de fim de semana e deixa os meninos de 10 e 12 anos sempre aos cuidados da avó. Frequenta academia cinco dias por semana e reserva poucas horas para tentar se recolocar no mercado de trabalho. Os pais pagam seu cartão de crédito e a pensão que recebe do marido auxilia nos custos da escola e alimentação dos filhos.
Frequentemente, discute com a mãe e o tema é sempre o mesmo: Patrícia você não vai crescer? Patrícia é uma personagem fictícia, mas o enredo é o mesmo para milhares de pessoas que não se desenvolveram emocionalmente, mantendo uma dependência crônica de outras pessoas, seja no aspecto financeiro, social e até mesmo psíquico.
É a chamada síndrome de Cinderela, de Peter Pan ou adultescência, os eternos adolescentes. Eis o tema que abordaremos no post de hoje. Venha com a gente e fique por dentro do assunto!
Juventude em voga
Sabemos que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou, e segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por vários fatores, como o crescimento econômico do país, o acesso à água tratada, esgoto e aumento do consumo. De acordo com o IBGE (janeiro de 2017), a média de vida de um cidadão brasileiro é de 75,5 anos.
Será que viver mais tempo é a razão pela qual pessoas com mais de 30 anos permanecem com comportamento de adolescentes? Cada vez mais observamos jovens ficando por mais tempo na casa dos pais, mesmo quando já tem rendimentos compatíveis com uma vida independente. O conforto e a segurança é o que justifica esses adultescentes a ficarem com os pais.
O amadurecimento baseado nas responsabilidades sociais e econômicas é cada vez mais tardio, fazendo com que muitos adultos percam o momento ideal de criarem habilidades para lidarem com a realidade. Este atraso no amadurecimento influencia negativamente na formação psíquica do ser, podendo gerar inúmeros transtornos.
Ou seja, existe um verdadeiro paradoxo na situação: enquanto os adultos com pensamentos e comportamentos de adolescentes cuidam mais da saúde, andam nas tendências da moda, são criativos, antenados, conectados – ao mesmo tempo são presas de abalos emocionais.
Viver intensamente, ser o que quiser ser, fazer somente o que gosta, tornar-se um influenciador digital, gera muitas expectativas e ansiedades.
Portanto, adultescentes e população em geral acreditam que ter uma vida bem-sucedida é ser jovem, rico e famoso. E isso é para hoje, para agora! Enquanto não atingir essa meta parece que a alternativa é permanecer com hábitos e comportamentos de adolescentes. Seja vivendo com os pais, seja aproveitando tudo o que a vida pode oferecer. Já não se trata de um processo de autoconhecimento e aquisição de responsabilidades.
A dor inevitável do crescer
Apesar de todas as atrações de quem vive em uma eterna ilha de adolescência, a vida cobra uma atitude adulta. Ou pelo menos cobrará em algum dia. Para que o momento não seja de extremo pânico ou desespero, é preciso buscar sempre assumir responsabilidades no dia a dia.
Inclusive, os pais têm um papel preponderante para cortar os cordões umbilicais o mais rápido possível. Caso contrário, a codependência poderá se estender por muito tempo, deixando o adulto-adolescente em uma situação crítica diante da vida.
Afinal, dificilmente irmãos, primos, tios ou outros parentes assumirão responsabilidades que o ato de sobreviver impõe a cada um na trajetória de existência. Ou seja, caso a eterna fase de adolescência não passe, é bem provável que a pessoa sofrerá problemas emocionais graves, perdendo relacionamentos, empregos, enfim, a saúde mental certamente será afetada negativamente.
Portanto, analise a situação em sua família e busque sempre um convívio sadio onde cada um possa desfrutar da sua fase de vida da melhor forma possível. Arcando com as responsabilidades e consequências dos atos frente aos desafios da vida!
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