Em homenagem ao Dia da Mulher, dia 8 de março, a Clínica Selles exibiu o filme Malévola, inclusive com um debate que contou com a presença dos psicólogos Ligia Whately e Paulo Crozariol, ambos de Taubaté. O filme foi produzido pela Disney e tem como protagonista Angelina Jolie, a obra faz uma viagem pela história da bruxa malvada que é antagonista na história da “Bela Adormecida”.
Alimentado por muitos símbolos, o filme apresenta dois reinos em guerra: o dos Moors, onde vivem criaturas míticas e o dos humanos, ou seja, simbolicamente faz uma divisão entre o inconsciente (recheado de símbolos) e o consciente. Assim, o filme traz uma reflexão baseada no desequilíbrio entre o feminino e o masculino, a dinâmica do poder e o que esta força desencadeia.
Na trama, Malévola é a protetora do reino dos Moors e, desde pequena, com chifres e asas, mantém a paz entre os dois reinos diferentes. Mas, tudo muda quando se apaixona por Stephan, que a trai, fazendo com que ela se torne amarga e vingativa, amaldiçoando a recém-nascida Aurora. Ao longo do filme, observamos a mudança do sentimento de Malévola por Aurora, que por sua vez, a considera sua fada madrinha.
De acordo com o psicólogo Paulo Crozariol, a expressão do mal é uma dinâmica da pessoa em resposta a algo que aconteceu com ela. “O amor não causa o mal, mas ao sofrer uma decepção, frustração, mágoa, pode se transformar em desejo de vingança, como uma expressão de dor”, explica Crozariol.
De uma maneira geral, o filme é um retrato do ego estruturado defensivamente (poder) em luta com o princípio vital (alma). E representa o resgate da alma, do amor, pelo princípio do feminino. “Malévola é o símbolo da grande mãe. Ela é heroína e vilã. Ela e Aurora não se excluem, mas se completam. Podemos analisar o corvo como o princípio masculino de Malévola, assim como seus chifres são o princípio masculino no auge da potência”, refletiu Ligia Whately.
No momento em que Stephan corta as asas de Malévola e a trai acontece a quebra da confiança, como em muitos relacionamentos, tal situação revela os medos existentes na união entre duas pessoas, como o da entrega, o sofrer, a traição, enfim, de todas as demandas que relacionamentos em geral trazem.
“E o preço é o sofrimento, como as várias fugas do ego, como uso de drogas, sexo, excesso de trabalho, entre outras. Sendo que na verdade, o caminho se faz indo para dentro de cada um. Afinal, o amor e o desamor estão dentro de nós. E as respostas não estão no meio externo, mas, sim, no autoconhecimento”, analisaram os psicólogos.
De uma maneira geral, o filme mostra o que acontece na jornada de vida de todos os seres humanos. “Perdemos nossas asas, mas até o fim de nossas vidas tentamos consegui-las de volta. Porque todos, como Malévola, apenas queremos voltar a voar, ter poder sobre nossas vidas e caminhar de uma maneira livre”, disse Crozariol.
O filme possui uma boa metodologia terapêutica ao trabalhar a integração entre o bem e o mal, do certo e do errado, do masculino e feminino, das virtudes do ser e da busca pelo equilíbrio dentro de cada um de nós, como ocorre na natureza em razão da sincronicidade existente no universo.
Depois de ler este artigo, que tal participar do nosso próximo encontro no Cine Selles: será no dia 30 de março, última quinta-feira do mês. Exibiremos o filme Sim Senhor, filme que dá início a nossa discussão sobre o tema do semestre: MOTIVAÇÃO.
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