• Machismo na Copa – Por onde andam a ética e o caráter?

    Se você está com excesso de peso, é homossexual, possui pés chatos, nasceu com orelhas avantajadas, usa um penteado nada convencional ou não fala a língua de um determinado povo local, tenha cuidado, pois certamente poderá se transformar em vítima dos mais variados ataques ou brincadeiras machistas. Os casos ocorridos na Rússia, que se disseminaram nas redes sociais, são apenas a ponta do iceberg de uma sociedade que desrespeita os direitos básicos do ser humano.

    Você pode ter ficado horrorizado com as cenas ridículas protagonizadas pelos rapazes integrantes da classe média alta ao zombarem de uma russa ou da repórter e aeromoça sendo desrespeitadas em pleno exercício da profissão, mas o que dizer do governo norte-americano que separa filhos de mães imigrantes que entraram ilegalmente no País?

    Ambas são atitudes que estão na contramão da evolução da humanidade e que ferem direitos básicos de cidadania. No entanto, o foco do nosso post é analisar os fatos ocorridos na sede da Copa do Mundo. Afinal, foram brasileiros que atuaram erroneamente, deixando claro que o machismo é uma marca da sociedade dita moderna, democrática e socialmente livre.

     

    Respeito deve vir de casa

    O machismo está fortemente presente no Brasil, principalmente entre os mais jovens, como apontou pesquisa do Instituto Data Popular. Segundo o estudo, 48% dos jovens entre 16 e 24 anos acham errado a mulher sair sozinha com os amigos, sem a presença do marido, namorado ou “ficante”. 80% acham que as mulheres não devem ficar bêbadas em festas ou baladas e 96% afirmam que vivem em uma sociedade machista.

    São números que revelam na teoria, há 4 anos, o que foi demonstrado na prática no caso que viralizou nas redes sociais há poucos dias. Entre as mulheres, de acordo com o estudo, 76% relataram que já sofreram determinado assédio, ou seja, o que aconteceu com a russa é prática comum no Brasil, mas com “brincadeiras” ou ofensas diferenciadas, como invasão dos celulares, agressões físicas e verbais, diferenças salariais, desrespeito no transporte público, entre outros.

    Por isso, a educação desde a mais tenra idade é fundamental. A lição começa em casa, os pais ou os adultos responsáveis têm uma responsabilidade enorme em relação aos filhos. Afinal, o preconceito é um componente afetivo e não racional - quem odeia homossexuais ou desrespeita mulheres geralmente é porque já presenciou ou “aprendeu” piadinhas ou atitudes similares na própria família. É de conhecimento geral que pessoas que sofreram ou sofrem abusos acabam ficando no anonimato com medo de sofrerem represálias ou com receio de maior exposição e violência por parte da sociedade, sendo assim, preconceitos, comportamentos abusivos, falta de respeito permanecem e passam para as próximas gerações.

    “A lição sabemos de cor, só nos resta aprender” e aprender é rotina. A boa notícia é que respeito, tolerância, são virtudes que aprendemos. Por mais forte que seja nossa tendência humana de agrupar por pares de iguais, temos a capacidade de aprender a respeitar as diferenças. Portanto, vamos fazer do respeito um hábito, assim como refeições diárias, escovar dentes para estar mais saudável. Respeitar o outro torna a vida mais suave e o mundo mais saudável.

    Quanto mais cedo começamos a respeitar, maiores serão as chances dela se tornar um adulto com mente aberta, mantendo os preconceitos afastados do dia a dia. Portanto, faça a lição de casa e evite que as próximas gerações façam feio em outras Copas do Mundo, pois a bola sempre continuará a rolar.

     

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