Reunindo estudantes, profissionais de várias áreas e muita gente consciente e inteligente, a roda de conversa sobre suicídio, realizada no auditório do Senac de Guaratinguetá, no último dia 30 de setembro, foi um sucesso.
Com sete profissionais de renome nas áreas de psiquiatria e psicologia na bancada, o tema foi aberto ao debate, com partilhas e questionamentos totalmente sintonizados no principal meio de prevenção ao problema: a fala.
“A fala leva à comunicação, transmite conhecimento entre gerações, e, através da fala amadurecemos enquanto pessoa e sujeito”
segundo Aidê Fernandes, psiquiatra (Itajubá – MG). Falar sobre o tema suicídio é fundamental, como uma forma de abrir perspectivas para que as pessoas em sofrimento possam buscar ajuda.
Neste post, mostraremos alguns pontos de vista apresentados ao longo do evento, enfatizando que o silêncio, quando alguns sinais se apresentam, apenas pioram os males que afligem a humanidade, como o suicídio.
Abra os ouvidos
A psicóloga Vera Guio iniciou a reflexão demonstrando a importância de ouvir as pessoas que têm alto risco de cometerem o suicídio. Segundo ela, a educação é primordial tanto no processo de autoconhecimento quanto na hora de estender ajuda a alguém que esteja sofrendo.
“Conversando a gente vai além. Podemos sentir o que está acontecendo. Abrir os ouvidos é o começo e a reflexão contribui muito com isso”.
Já o psiquiatra Luis Arenales fez uma análise referente às medidas preventivas, já que 17% dos brasileiros já pensaram em suicídio em algum momento da vida. Por quê? “Em razão do sofrimento, além da dor psíquica existente nas pessoas. Desesperança. Desconexão com o futuro e também em razão de transtornos psiquiátricos, como a depressão, sem falar do abuso de álcool e outras drogas”, refletiu o médico.
Perceba os sinais
Diante de uma sociedade totalmente envolvida com a tecnologia, onde as relações humanas se restringem a toques nas telas dos celulares, a psicóloga Cláudia Caltabiano trouxe ao debate um questionamento sobre a falta de olhar existente na atualidade entre as pessoas.
Falta tempo para os cidadãos interpretarem os sinais dos sentimentos, das emoções, enfim, do suicídio. “Muitas vezes, os sinais suicidas não são percebidos. Cada um tem a sua dor, mas a sociedade se expressa muito pouco. Falta uma visão macro. Por isso, a família tem uma influência importantíssima no processo preventivo, já que é preciso saber onde os jovens estão indo, com quem falam nas redes sociais, quais seus desejos, dificuldades, enfim, o diálogo tem que acontecer”, disse Cláudia.
Por outro lado, a psiquiatra Taísa Machado contribuiu ao relatar os inúmeros casos de suicídio envolvendo os idosos. Trata-se de um grupo preocupante em razão de apresentar os maiores índices de retirada da própria vida. O que explica? “Existe a dificuldade de prevenção, já que geralmente moram sozinhos, apresentam patologias graves, muitos estão sozinhos, enfim, a solidão é um problema. Também existem as perdas acumuladas ao longo dos anos”, afirmou a psiquiatra.
Mais uma vez, o acolhimento e as partilhas são os melhores meios preventivos. Para o psiquiatra Antônio Oliveira, o suicídio só pode ser combatido por meio da informação, educação e distribuição do conhecimento.
“Terapias, tratamentos diversos, como grupos de ajuda mútua, diálogos na família são fundamentais para manter o mal afastado”
Fechando as explanações antes dos questionamentos da plateia, a psicóloga Joviane Maia enfatizou a importância da constante busca pela empatia, principalmente dentro do ambiente familiar. Afinal, de acordo com ela, existe uma dificuldade entre as pessoas mais próximas de se criar vínculos afetivos, reduzindo as redes de apoio.
“Com isso, o sofrimento e angústia crescem em razão da individualidade. De uma maneira geral, o combate ao suicídio necessita de vários pontos, como ajuda, participação, acolhimento, aceitação, compreensão, reconstrução, cuidado, além das pessoas não subestimarem nem precipitarem decisões. Isso porque a sociedade atual gera sofrimentos. É preciso falar do assunto, já que a morte nem sempre é um tema convidativo”, concluiu.
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